Toda língua muda com o tempo. Basta lembrarmos que do latim, já transformado, veio o português, que, por sua vez, hoje é muito diferente daquele que era usado na época medieval.
Toda língua possui variações linguísticas. Elas podem ser entendidas por meio de sua história no tempo. As variações linguísticas podem ser compreendidas a partir de três fenômenos:
1) Em sociedades complexas convivem variedades linguìsticas diferentes, usadas por diferentes grupos sociais, com diferentes acessos à educação formal ; com diferenças maiores na língua falada.
2) Pessoas de mesmo grupo social expressam-se com falas diferentes de acordo com as diferentes situações de uso.
3) Há falas específicas, como profissionais de uma mesma área(médicos, policiais,...) jovens, grupos marginalizados e outros. São gírias e jargões.
Percebemos então que nem todas as variações linguísticas têm o mesmo prestígio no Brasil, pois uma certa tradição cultural nega a existência de determinadas variedades linguísticas por considerá-las deficiências do usuário . Basta lembrar de algumas variações usadas por pessoas de determinadas classes sociais ou regiões, para percebemos que há preconceito em relação a elas.
Veja este texto de Patativa do Assaré. Um grande poeta popular nordestino, que fala do assunto:
O poeta da roça
Sou fio das mata, canto da mão grossa
Trabáio na roça, de inverno e de verão
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio.
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná
Meu pai coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio pobre não pode estudá
(...)
Será que a forma de escrever comprometeu a emoção transmitida por essa poesia? Patativa do Assaré era analfabeto, mas sua obra atravessou o oceano e se tornou conhecida na Europa.
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